Capítulo 20: Decisão Boa Dá Trabalho
Por Cesar Zanis
"Agir rápido não é o mesmo que decidir bem. Decisão boa exige contexto, critério e coragem."
Já vi muita gente confundir agilidade com pressa. E decisão com chute apressado. O resultado? Retrabalho. Desalinhamento. Crises que poderiam ser evitadas com uma pergunta honesta.
A verdade é simples: decidir bem dá trabalho. Porque decisão boa exige: entender o contexto real — não o que resumiram no slide de cinco linhas; medir o impacto — no negócio, no time, no cliente; e ter coragem de bancar o "não" — quando é mais fácil dizer "sim".
E o que trava muita decisão não é a falta de dados. É o medo da responsabilidade. Por isso nascem os comitês eternos. As reuniões para validar a reunião anterior. A cautela que esconde a insegurança.
Mas o outro extremo também mata projeto: a decisão no ego, no modismo, no grito. "Vamos fazer porque parece legal." "Fulano quer, então acelera." "A concorrência está fazendo, copia aí."
Quando o cenário fica nebuloso, uma ferramenta simples ajuda muito: a velha e boa Matriz SWOT:
- Forças: Onde somos bons e podemos explorar.
- Fraquezas: Onde somos vulneráveis e podemos quebrar.
- Oportunidades: Onde o mercado ou o momento favorece.
- Ameaças: Onde o risco é maior do que parece.
Depois de entender o contexto... vem o segundo passo: escolher com critério. Aqui entra uma ferramenta rápida que salva na prática: Matriz de Decisão Rápida. Avalie cada opção em três pontos:
- Impacto no cliente: de 1 a 5 (quanto mais alto, melhor).
- Esforço necessário: de 1 a 5 (quanto mais baixo, melhor).
- Alinhamento estratégico: de 1 a 5 (quanto mais alto, melhor).
Some os pontos. Priorize o que gera mais valor com menos esforço.
E se ainda assim ficar dúvida? Use a Técnica do "Não Pode Ficar Pior". Pergunte: "Se tentarmos isso e falharmos, qual é o pior cenário realista?" e "Se o pior cenário ainda for suportável — financeiro, técnico ou moralmente —, vale tentar?"
Essa técnica simples ajuda a destravar decisões onde o medo paralisa. Porque boa gestão não elimina riscos — ela calcula e escolhe os riscos que vale a pena correr.
A pressa vira bagunça. Decisão boa vira legado.